Gastroenterologistas desmistificam a frequência ideal de fazer o número 2

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Especialistas explicam que não há um número fixo ou normal de movimentos intestinais

 

 

 

Uma crença equivocada de que é necessário fazer cocô todos os dias para ser saudável está sendo desmistificada por gastroenterologistas. Segundo o Dr. Folasade May, professor associado da Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia, não há uma frequência fixa ou normal de movimentos intestinais.

Essa noção errônea pode ser atribuída a uma crença da era vitoriana de que evacuar diariamente é um sinal de saúde, explicou o Dr. Michael Camilleri, consultor e professor da divisão de gastroenterologia e hepatologia da Mayo Clinic.

A frequência de fazer cocô não é o único fator importante quando se trata de saúde intestinal. Vários elementos, como dieta, hidratação, estresse, idade, uso de medicamentos e circunstâncias sociais, podem influenciar a frequência dos movimentos intestinais, conforme destacou a Dra. Trisha Pasricha, gastroenterologista do Massachusetts General Hospital e instrutora de medicina na Harvard Medical School.

De acordo com os especialistas, a forma, aparência e consistência das fezes são critérios mais relevantes do que simplesmente contar a frequência dos movimentos intestinais. O uso do Bristol Stool Chart, que classifica as fezes em sete grupos, é uma ferramenta utilizada pelos profissionais médicos para avaliar a qualidade das fezes. Fezes com formato de salsicha com rachaduras na superfície ou de cobra e lisas são consideradas as mais saudáveis.

Se uma pessoa evacua três vezes por semana e não experimenta nenhuma mudança negativa na qualidade de vida, isso pode ser considerado normal, mesmo que a frequência seja menor do que o esperado.

No entanto, se houver esforço excessivo ao tentar evacuar ou a sensação de não esvaziar completamente o intestino, podem ser necessárias mudanças para aumentar a frequência ou melhorar a qualidade das fezes.

Uma dica dada pelos especialistas é elevar os pés usando um banquinho de banheiro ou uma pilha de livros, para relaxar os músculos do assoalho pélvico e facilitar a passagem das fezes.

Além disso, a escolha de alimentos ricos em fibras, como vegetais, frutas, grãos integrais e nozes, é essencial para manter o intestino saudável. A hidratação adequada também é importante para amolecer as fezes.

Os especialistas ressaltam que o estilo de vida sedentário pode afetar a movimentação do trato digestivo, enquanto o exercício físico pode auxiliar na passagem das fezes.

Outros fatores que podem influenciar os movimentos intestinais incluem condições médicas, uso de medicamentos e estresse.

Por fim, se as mudanças no estilo de vida não surtirem efeito, um médico poderá prescrever medicamentos, suplementos ou laxantes para ajudar a regular a frequência dos movimentos intestinais.

É importante lembrar que cada pessoa é única e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. Por isso, é essencial buscar orientação médica para avaliar a situação individualmente e encontrar a melhor abordagem para uma saúde intestinal adequada.