
Um grupo de dez pesquisadores das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Federal Fluminense (UFF) obteve a patente de um tratamento inovador contra o câncer de mama. O estudo envolve o desenvolvimento de um composto sintético direcionado à proteína p53, quando essa proteína apresenta mutação. Os testes realizados indicaram que essa substância é capaz de reverter a função da proteína mutada. A patente resulta de duas teses de doutorado, uma da UFRJ e outra da UFF.
A proteína p53 tem a função de ser a guardiã do genoma humano, atuando como protetora do DNA e prevenindo o surgimento de tumores. No entanto, quando sofre uma mutação, ela perde sua função protetora e passa a estimular o crescimento do tumor, tornando-o mais resistente a drogas. Mais de 90% das células tumorais apresentam mutação na proteína p53, o que contribui para o desenvolvimento do câncer de mama.
O financiamento para a pesquisa foi de R$ 2 milhões, metade proveniente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e metade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Um artigo de revisão do trabalho foi publicado recentemente no periódico internacional Chemical Review.
Os resultados obtidos são promissores, inclusive com redução de tumores em animais. Os pesquisadores estão em negociações com uma empresa farmacêutica interessada em realizar estudos clínicos em seres humanos. Caso seja bem-sucedido, esse tratamento poderá resultar no primeiro fármaco brasileiro para o tratamento do câncer de mama.
Além disso, os cientistas estão investigando outras moléculas e terapias para tratar as mutações da proteína p53. O depósito da patente no Brasil foi feito com base em uma naftoquinona, uma substância presente em diversos organismos. O composto sintético obtido a partir da vitamina K3 mostrou-se dez vezes mais potente que outras drogas na redução de tumores de mama, especialmente em casos nos quais a proteína p53 está alterada. Esse avanço representa um importante passo no combate ao câncer de mama e pode contribuir para a sobrevivência de milhões de pessoas em todo o mundo.