Dispareunia: Um Tabu que Afeta a Vida Sexual das Mulheres

Foto de Toa Heftiba na Unsplash

 

 

A dispareunia, uma condição caracterizada por dores nas relações sexuais, é mais comum do que se imagina e afeta a vida de muitas mulheres. Segundo uma pesquisa publicada pelo portal americano “ABC”, cerca de 20% das mulheres e apenas 2% dos homens sofrem com essa condição. No entanto, o assunto ainda é um tabu e muitas mulheres não buscam ajuda.

A pedagoga especializada em sexologia clínica, Claudia Petry, destaca que muitas mulheres sentem dor durante o sexo, mas não procuram auxílio. Isso pode ser resultado de crenças errôneas, como a ideia de que a primeira relação sexual será dolorosa. Essa falta de informação faz com que algumas mulheres acreditem que sentir dor é algo normal e inevitável.

A ginecologista Luana Gomes, do Hospital Edmundo Vasconcelos, relata que a queixa de dor durante o sexo é bastante comum em suas consultas. Muitas mulheres não buscam ajuda por vergonha, medo de exposição ou por acreditar em tabus relacionados à sexualidade. O impacto da dispareunia vai além da dor física, podendo gerar problemas de saúde mental e prejudicar os relacionamentos.

A falta de investigação e tratamento adequados pode levar a consequências graves para a saúde mental das mulheres, além de causar desgaste nos relacionamentos. A dispareunia pode desencadear quadros depressivos e sentimentos de culpa por não alcançar o orgasmo. Claudia ressalta que muitas mulheres sofrem durante anos por conta dessa dor, afetando sua qualidade de vida e prejudicando os relacionamentos.

A dispareunia é uma condição complexa, que pode ter diferentes causas. Além de afetar a vida sexual, ela pode comprometer a rotina diária das mulheres, dificultando até mesmo a realização de exames ginecológicos ou a colocação de absorventes internos. Existem dois tipos principais de dispareunia: a superficial, que ocorre na abertura da vagina, e a profunda, que é sentida dentro da pelve durante a penetração.

Infecções genitais, como herpes e candidíase, são algumas das possíveis causas de dores superficiais. Essas infecções podem inflamar a área da vulva, causando desconforto e ardência durante o ato sexual. O vaginismo, caracterizado pela contração involuntária dos músculos da vagina, também pode causar dor. Nesses casos, o tratamento envolve fisioterapia e acompanhamento psicológico.

A vulvodínia, caracterizada por uma dor na vulva que persiste por mais de três meses, ainda não tem uma origem conhecida. Além disso, dores mais profundas podem ser causadas pela endometriose, pela menopausa, por cistos ovarianos ou por cicatrizes na região pélvica decorrentes de infecções, cirurgias ou radioterapia.

Quando a dispareunia tem origem desconhecida ou é de natureza psicológica, um tratamento multidisciplinar com ginecologista, fisioterapeuta, psicólogo e psiquiatra pode ser necessário.