Exploradores Perdidos em Submersíveis do Mar Profundo: Desafios e Importância do Mapeamento Oceânico

Foto de Cristian Palmer na Unsplash

 

Um submersível de alto mar, parte de um empreendimento relativamente novo que permite que turistas e outros clientes pagantes explorem as profundezas do oceano, está atualmente desaparecido no mar. Isso destaca os riscos e desafios associados à aventura no oceano profundo, que permanece em grande parte inexplorado pelos olhos humanos.

Apesar de os humanos terem explorado a superfície do oceano por dezenas de milhares de anos, apenas cerca de 20% do fundo do mar foi mapeado, de acordo com dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos em 2022. Os pesquisadores costumam dizer que viajar para o espaço é mais fácil do que mergulhar nas profundezas do oceano. Enquanto 12 astronautas passaram um total coletivo de 300 horas na superfície lunar, apenas três indivíduos passaram cerca de três horas explorando o Challenger Deep, o ponto mais profundo conhecido da Terra no fundo do oceano, de acordo com a Woods Hole Oceanographic Institution.

Na verdade, “temos melhores mapas da Lua e de Marte do que nosso próprio planeta”, disse Gene Feldman, oceanógrafo aposentado da Nasa que passou mais de 30 anos na agência espacial.

Há uma razão pela qual a exploração humana do mar profundo tem sido tão limitada: viajar para as profundezas do oceano significa entrar em um reino com imensos níveis de pressão ao descer – um empreendimento de alto risco. O ambiente é escuro, quase sem visibilidade, e as temperaturas baixas são extremas.

O submersível atualmente desaparecido transportava cinco pessoas para explorar os destroços do Titanic, localizado a cerca de 1.450 quilômetros da costa de Cape Cod, Massachusetts, e aproximadamente 3.800 metros debaixo d’água. Operado pela OceanGate Expeditions, uma empresa privada com sede no estado de Washington, o navio turístico perdeu contato com sua nave-mãe na noite de domingo. Muitos dos fatores que tornam o submersível difícil de localizar e recuperar são também as razões pelas quais a exploração abrangente do fundo do oceano permanece incerta.

“A busca aquática é bastante desafiadora, pois o fundo do mar é muito mais acidentado do que a terra”, disse o pesquisador Jamie Pringle, especialista em geociência forense da Universidade Keele, na Inglaterra, em um comunicado.

Se o submersível não retornar à superfície do oceano, as equipes de busca e resgate precisarão contar com sonar, uma técnica que usa ondas sonoras para explorar as profundezas opacas do oceano, para localizar o veículo, disse Pringle. E o processo exigirá o uso de um feixe muito estreito que possa oferecer uma frequência alta o suficiente para fornecer uma imagem clara de onde a embarcação, chamada Titan, pode estar.

Uma História da Exploração Oceânica

O primeiro submarino foi construído pelo engenheiro holandês Cornelis Drebbel em 1620, mas ficou preso em águas rasas. Levaria quase 300 anos, após o desastre do Titanic, até que a tecnologia de sonar começasse a fornecer aos cientistas uma imagem mais clara do oceano profundo.

Um avanço significativo na exploração humana ocorreu em 1960 com o mergulho histórico do batiscafo Trieste, um tipo de submersível de mergulho livre, até o Challenger Deep, localizado a mais de 10.916 metros debaixo d’água.

Apenas algumas missões já voltaram a tais profundidades, e as viagens são extremamente perigosas, disse Feldman.

Para cada 10 metros percorridos abaixo da superfície do oceano, a pressão aumenta em uma atmosfera, de acordo com a NOAA. Uma atmosfera é uma unidade de medida igual a 14,7 libras por polegada quadrada. Isso significa que uma viagem ao Challenger Deep pode submeter uma embarcação a pressões “equivalentes a 50 jatos jumbo”, observou Feldman.

Com essa pressão, mesmo o menor defeito estrutural pode significar desastre, acrescentou Feldman.

Durante o mergulho de 1960 no Trieste, os passageiros Jacques Piccard e Don Walsh disseram que ficaram surpresos ao ver criaturas vivas.