Pandemia continua a representar ameaça à saúde global, mas tendência de queda permite transição para gerenciamento da doença juntamente com outras infecciosas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (5) que a pandemia de Covid-19 não é mais considerada uma emergência de saúde global. A decisão segue a recomendação do Comitê de Emergência sobre a doença, que foi tomada após a 15ª reunião do grupo, na quinta-feira (4). Durante a reunião, os membros do comitê destacaram a tendência de queda nas mortes por Covid-19, a queda nas internações e internações em UTIs relacionadas à infecção e os altos níveis de imunidade ao SARS-CoV-2 na população.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou que aceitou a recomendação, que se baseia no monitoramento do cenário epidemiológico da doença. “Há mais de um ano, a pandemia está em tendência de queda, com aumento da imunidade da população contra vacinação e infecção, diminuição da mortalidade e redução da pressão sobre os sistemas de saúde. Essa tendência permitiu que a maioria dos países voltasse à vida como a conhecíamos antes da Covid-19”, disse Adhanom.
No entanto, o fim da emergência de saúde pública não significa o fim da pandemia de Covid-19, mas é um passo significativo nessa direção. A OMS declarou que a emergência causada pelo coronavírus atingiu proporções pandêmicas em 11 de março de 2020.
“No entanto, isso não significa que a Covid-19 tenha acabado como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid-19 tirou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos. Enquanto falamos, milhares de pessoas em todo o mundo estão lutando por suas vidas em unidades de terapia intensiva. E outros milhões continuam a viver com os efeitos debilitantes da condição pós-Covid-19”, disse o diretor-geral da OMS.
A OMS enfatiza que, embora a avaliação de risco global permaneça alta, há evidências de riscos à saúde reduzidos impulsionados principalmente pela alta imunidade da população devido à infecção natural, vacinação ou uma combinação dos dois. Além disso, as linhagens Omicron circulantes têm capacidade de infecção sem alterações significativas, havendo também melhor manejo dos casos clínicos.
Juntos, esses fatores contribuíram para uma queda global significativa no número semanal de mortes, internações e internações em UTIs relacionadas à doença desde o início da pandemia. Embora o SARS-CoV-2 continue a evoluir, as variantes atualmente em circulação não parecem estar associadas ao aumento da gravidade, de acordo com a OMS.
O diretor-geral da OMS vai convocar um Comité de Revisão do Regulamento Sanitário Internacional para aconselhar sobre recomendações permanentes para a gestão a longo prazo da pandemia, tendo em conta o Plano Estratégico de Preparação e Resposta à Covid-19 2023-2025.
O que significa a classificação global de emergência? Em 30 de janeiro de 2020, seguindo as recomendações do Comitê de Emergência, o diretor-geral da OMS declarou que a Covid-19 constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC).
De acordo com o Regulamento Sanitário Internacional de 2005, a classificação é definida como “um evento extraordinário determinado a constituir um risco para a saúde pública de outros Estados através da propagação internacional de doenças e que potencialmente requer uma resposta internacional coordenada”.
Essa definição implica uma situação que é: grave, súbita, incomum ou inesperada; tem implicações para a saúde pública além da fronteira nacional do país afetado e pode exigir uma ação internacional imediata.
Segundo o diretor-geral da OMS, a declaração do fim da emergência global destaca que o mundo está entrando em uma fase de transição em relação ao coronavírus.
“A pior coisa que qualquer país pode fazer agora é usar essas notícias como motivo para baixar a guarda, desmantelar os sistemas construídos ou enviar a mensagem à população de que a Covid-19 não é motivo de preocupação. O que essa notícia significa é que é hora de os países fazerem a transição do modo emergencial para o controle da Covid-19 junto com outras doenças infecciosas”, alerta Adhanom.
