GSI é apenas uma repartição, mas se isso for confirmado no Exército pode receber como “afronta”
Têm sido recebidos com estranhamento ou como mera “fofoca”, no Exército Brasileiro, os rumores de que o presidente eleito Lula (PT) estaria disposto a optar pela Polícia Federal para fazer a segurança presidencial, “por não confiar no GSI”, o Gabinete de Segurança Institucional.
Seria a primeira vez na História e se, confirmada, encarada como uma afronta ao Exército, que se orgulha da sua profissionalização.
Porém, a confirmação da mudança revela algo mais grave: a dificuldade do futuro presidente de encontrar oficiais generais que aceitem cargos de confiança, como chefiar o GSI e até mesmo os comandos das três Forças.
A alegação é até infantil e imprópria para quem tem a experiência de dois mandatos presidenciais. Afinal, Lula conhece bem essa área: em seus dois primeiros governos presidenciais, a segurança esteve a cargo do Exército, assim nos governos petistas de Dilma Rousseff.
GSI foi invenção de FHC
Por sua ojeriza a militares, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mudou a denominação do antigo Gabinete Militar para o atual GSI da Presidência da República.
O GSI é uma repartição com status de ministério, apenas isto, tanto quanto qualquer outro ministério instalado em Brasília. “Não confiar no GSI” seria o mesmo que o presidente eleito não nomear ministro da Educação, por exemplo, “por não confiar” no MEC.
Papel histórico do Exército
É o Exército Brasileiro que historicamente cuida da segurança presidencial e não o GSI, como a fofoca infantil faz parecer, que tem apenas a função administrativa de coordenar esse trabalho, tanto quanto o antigo Gabinete Militar.
O chefe da segurança presidencial é designado pelo general escolhido pelo presidente eleito para chefiar o GSI, por isso costuma ser um dos primeiros ministros convidados para o cargo.
Por sua vez, o chefe da segurança, designado pelo general do GSI, da confiança do presidente eleito, recruta todos os demais integrantes do serviço entre militares de diversas patentes, treinados em unidade especializada do Exército.
PF sempre tenta assumir
Também é histórica a tentativa da Polícia Federal de assumir a segurança presidencial, e o assunto retornar à discussão a cada a leição presidencial.
Durante a campanha, há uma aproximação natural do candidato com os policiais federais que fazem sua segurança. Em alguns casos, candidato e o delegado da PF que chefia sua segurança desenvolvem relação de confiança, até se tornam amigos.
Por essa razão, Jair Bolsonaro escolheu para dirigir a PF o delegado que chefiou sua segurança, na campanha de 2018, assim como o presidente eleito Lula escolheu para esse cargo o delegado que chefiou sua segurança.