Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, passam de 40 as mortes de cachorros em vários estados
Identificada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como a fornecedora de matéria-prima para a Bassar Pet Food, a Tecnoclean Industrial Ltda informou, na noite da última quinta-feira, que adquiriu a substância propilenoglicol de uma importadora e a revendeu. A empresa afirma que se mantém à disposição das autoridades públicas e sanitárias na investigação que apura a suspeita de intoxicação de cães após comerem petiscos da marca Bassar.
Na última terça-feira (6/9), o ministério anunciou a suspensão do uso de dois lotes do ingrediente que apresentavam irregularidades. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, passam de 40 as mortes de cachorros em vários estados.
“A Tecnoclean Industrial Ltda afirma que não fabrica propilenoglicol, tendo comprado da empresa A&D Química Comércio Eireli e revendeu ao mercado nacional como distribuidora”, disse em nota. Ainda de acordo com a empresa, caso fique comprovada a contaminação, a falha deve ser avaliada entre o importador e o fabricante. Procurada, a A&D Química não respondeu até a publicação da reportagem.
Investigações
Após a morte de ao menos nove cachorros em São Paulo e em Minas por suspeita de intoxicação ao consumir os petiscos, o ministério determinou o fechamento da fábrica da Bassar, o recolhimento dos produtos e suspendeu dois lotes (AD5053C22 e AD4055C21) do ingrediente fornecido pela Tecnoplan. Isso ocorreu porque o propilenoglicol — insumo utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais — adquirido pela Bassar estaria contaminado com etilenoglicol, a mesma substância que causou a morte de 10 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019.
Ainda segundo o ministério, a Tecnoclean não possui licença para fornecimento da substância para indústria de alimentação animal. “Embora rotulados como se tivessem sido fabricados pela Tecnoclean, o estabelecimento é apenas um depósito cujas atividades econômicas licenciadas não envolve a fabricação de produtos para alimentação animal”, acrescentou em nota.
Até o momento, a Polícia Civil de Minas afirma que, além do estado e de São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe e Goiás têm relatos de intoxicação de cachorros. Conforme investigações, já são pelo menos 48 mortes registradas com a mesma suspeita, sendo oito delas apenas em Belo Horizonte registradas até a última segunda-feira. Outros cães permanecem internados com quadro de falência renal, segundo a delegada Danúbia Quadros, responsável pelas investigações.
Laudo preliminar divulgado pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base na necropsia de dois animais intoxicados, identificou a presença de monoetilenoglicol no corpo de um deles. Conhecida também como etilenoglicol, a substância é geralmente usada para refrigeração e pode ser encontrada em baterias, motores de carro, além de freezers e geladeiras.(CB)