A rainha chegou ao trono no início da era da mídia de massa. Sua coroação em 1953 foi o primeiro evento televisivo nacional, e quase todos os passos que ela deu em público foram filmados
A rainha Elizabeth 2ª chegou ao trono no início da era da mídia de massa. Sua coroação em 1953 foi o primeiro evento televisivo nacional, e quase todos os passos que ela deu em público foram filmados.
Quanto a seus momentos privados, várias atrizes tentaram retratar o que pode ter acontecido a portas fechadas.
Na lista abaixo, alguns elaborados retratos ficcionais que ajudaram a moldar as percepções do público. E alguns documentários, não disponíveis atualmente em plataformas no Brasil, que jogaram luz sobre a vida dela.
The Crown (série da Netflix, 2016-presente)
Não se pode escrever sobre a rainha sem mencionar The Crown, uma série da Netflix que retrata o reino da monarca desde sua ascensão até o início dos anos 2000.
Claire Foy e Olivia Colman tiveram os papéis principais nas quatro temporadas até agora. Imelda Staunton assume na quinta, que deve ser lançada em novembro e se passa nos anos 1990.
A série se parece às vezes com uma novela, acentuando os supostos dramas e conflitos tanto entre a família real quanto entre a monarca e os primeiros-ministros, embora sua precisão histórica tenha sido bastante criticada.
A rainha (Globoplay, 2006)
Helen Mirren ganhou um Oscar de melhor atriz por seu papel no filme A rainha, de 2006.
O filme se passa logo após a morte da princesa Diana, em 1997, retratando um dos momentos mais desafiadores para a monarca, quando ela foi vista como distante e lenta para responder à comoção nacional.
Mirren revelou neste ano que ela escreveu à rainha antes da filmagem para dizer: “Nós estamos investigando um momento muito difícil na sua vida. Espero que não seja muito doloroso para você.”
A atriz disse à revista Radio Times: “Não cosigo lembrar como eu disse. Eu só disse que na minha pesquisa eu desenvolvi um respeito crescente por ela.”
A atriz também havia dito anteriormente que não sabia se a rainha havia assistido ao filme, mas “eu tive a sensação de que ele havia sido visto e que havia sido apreciado”.
Como ela teve essa sensação não está claro, já que o retrato não é sempre lisonjeiro – incluindo quanto à família mais ampla – e que Mirren acrescentou: “Nunca ouvi isso diretamente, e nunca ouvirei.”
A Noite da Realeza (Amazon Prime Video, 2015)
Esse filme de 2015 teve a atriz canadense Sarah Gadon no papel da princesa Elizabeth quando ela tinha 19 anos e saiu à rua à paisana com sua irmã Margaret durante a celebração do Dia da Vitória, no final da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1945.
É um relato charmoso e leve da noite de liberdade anônima das princessas, uma leitura livre mas baseada em eventos reais de quando as irmãs realmente se juntaram à multidão fora do Palácio de Buckingham.
No entanto, parece improvável que Elizabeth tenha realmente encontrado um aviador arrojado em um ônibus de dois andares antes de rodar pela cidade com ele e levá-lo de volta ao palácio para o café da manhã com sua mãe e seu pai – mas os realizadores do filme decidiram que também poderiam usar licença artística ao preencher as lacunas sobre a vida da rainha.
A vida da rainha também foi objeto de muitos documentários, dos quais selecionamos alguns abaixo (não disponíveis até o momento em plataformas de distribuição no Brasil):
A Tribute To Her Majesty The Queen (documentário da BBC, 2022)
Ao citar memórias dos filhos da própria rainha, esse documentário de 90 minutos se destaca de outros filmes factuais sobre a vida e o tempo da monarca.
Com tão poucas oportunidades de ver momentos verdadeiros íntimos da família real, o afeto óbvio e genuíno com que eles falam nos dão insights sobre a relação deles com sua mãe quando eram uma família.
O então príncipe Charles, como era conhecido na época da filmagem, recorda uma memória antiga de quando tinha só três anos. “Nunca vou esquecer quando éramos pequenos, eu tomava um banho e ela estava praticando usar a coroa antes do coroamento”, ele diz. “Todos aqueles momentos maravilhosos, eu nunca vou esquecer.”
Em outro trecho, a narradora Kirsty Young conta a história dos lados privado e público do reino de Elizabeth 2ª com seu estilo caloroso e assertivo.
Her Majesty the Queen (documentário do Channel 4, 2022)
O apresentador veterano Jon Snow abre este especial com uma hora de duranção com uma conexão bem pessoal, orgulhosamente mostrando uma foto borrada em branco e preto que mostra ele e seus irmãos encontrando a rainha cinco anos após seu coroamento, quando ele tinha dez anos.
A memória principal dele é que o encontro envolveu a pintura do banheiro no térreo antes da visita, caso alguém da realeza precisasse usá-lo (ele não o fizeram). Ele não lembra muito do resto, “exceto que ela era baixa, saia plissada, chapéu, não falava muito”. Ele acrescenta: “Príncipe Phillip – ele falava muito, mas eu não entendia boa parte.”
Snow apimenta o programa com mais memórias, tanto dele quanto de outros, como sua vizinha, uma ex-assistente da realeza.
Ele equilibra esses momentos pessoais usando seu rigor jornalístico para também contar a história oficial, reexaminando os principais episódios das sete décadas da rainha no trono, da sua coroação às controvérsias dos anos 1990.
The Queen’s Coronation in Colour (documentário, 2018)
O começo do reino da rainha pode hoje pertencer a um passado distante. A cobertura em cores da coroação e algumas gravações de cenas mais relaxadas dos bastidores do evento foram encomendadas pela própria rainha e ajudam a trazer vida àquela ocasião.
Há entrevistas com alguns participantes, como as damas de honra que tiveram de impedir uma delas de desmaiar durante a cerimônia. Nós ouvimos como o arcebispo de Canterbury depois ajudou a animá-la ao lhe dar um gole de conhaque na sacristia.
O programa, apresentado por Alexander Armstrong, também inclui excelentes gravações amadoras de alegres e às vezes excêntricas festas de rua que aconteceram no Reino Unido naquele dia.
Elizabeth R – A Year in the Life of the Queen (documentário da BBC, 1992)
Se você gostaria de bisbilhotar por trás da cortina de veludo, os realizadores desse documentário tiveram uma rara autorização para acompanhar a rainha pro um ano entre 1990 e 1991.
O documentário captura momentos privados e encontros nas várias residencias reais e dutante viagens. É particularmente refrescante vê-la atuando e conversando naturalmente — seja brincando com Nelson Mandela ou rebatendo uma leve bronca que ela recebeu de um residente de uma casa de repouso em Yorkshire.
Também há uma gravação da própria monarca, em tons bem menos formais do que os que nos habituamos a ouvir em seus discursos.
E talvez o mais perto que a rainha chegou de perder a linha diante da câmera é uma cena fugaz de mãe e filha — do tipo que qualquer família conhece — quando a rainha-mãe a provoca equanto assistem à tradicional corrida de cavalos Epsom Derby.
De resto, não há muitos escândalos reais à mostra, e se você quer drama é melhor assistir a The Crown. Esse documentário foi filmado antes do “annus horribilis” de 1992, então captura a calmaria antes da tempestade.
Elizabeth: A Portrait In Parts (documentário, 2022)
Mais irreverente e vívido que muitos documentários reais — enquanto se mantém respeitoso — este filme de 90 minutos aglutina o arquivo da rainha com a cultura a seu redor, avançando e recuando no tempo ao longo de seus 70 anos de reinado.
Lançado em seu jubileu de platina neste ano, foi o último trabalho do diretor Roger Michell, de Notting Hill e The Duke, antes de ele morrer há um ano.
Seu estilo, usando imagens editadas para compilar capítulos temáticos soltos, em vez de contar uma história cronológica, dá uma sensação de frescor e ajuda a quebrar um pouco da pompa e formalidade que cercavam a monarca.
Elizabeth: Our Queen (Channel 5, 2018)
Para um relato mais abrangente de sua vida, acompanhando os altos e baixos de seu status único na nação, essa série de sete horas e meia e quatro partes deve ser satisfatória.
Ela usa a fórmula familiar do documentário em TV com imagens de arquivo combinadas com comentários de historiadores, políticos e membros do círculo real.
Embora possa ter havido novas revelações, a série oferece uma jornada aprofundada e nostálgica.
Com informações do Correio Braziliense