Queiroga critica saúde privada e pede transparência após anúncio de reajuste

 

“Brasileiros continuarão reféns dessa ineficiência”, declarou o ministro no Twitter

 

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse nesta sexta-feira (27) que são necessárias mudanças estruturais e mais transparência na saúde privada no Brasil e criticou o reajuste anunciado na quinta-feira (26). A declaração, dada em seu perfil oficial no Twitter, foi feita um dia depois de a diretoria da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovar o reajuste de 15,5% dos planos individuais e familiares para o período de maio de 2022 até abril de 2023. É o maior aumento desde o início da série histórica, em 2000.

“Reafirmo o que tenho dito desde que assumi o Ministério da Saúde: são necessárias mudanças estruturais no setor privado, como maior transparência, mais eficiência e ampliação da concorrência. Hoje, os aumentos das mensalidades arcadas pelos brasileiros que contratam plano de saúde não necessariamente estão associados com a qualidade do serviço prestado”, afirmou o ministro.

https://twitter.com/mqueiroga2/status/1530215027571048448?s=20&t=5VAPkRG6ekXxLfdrJJs_5A

O percentual de reajuste dos planos de saúde anunciados na quinta também é o máximo que poderá ser aplicado em cima das mensalidades reduzidas pelo índice de 2021.

“Enquanto medidas como a mudança no modelo de cuidado e o Open Health não forem implementadas, os brasileiros continuarão reféns dessa ineficiência”, afirmou o ministro.

O Open Health, já defendido por Queiroga em outras ocasiões, é um sistema similar ao open banking criado pelo Banco Central, que permite um compartilhamento mais amplo de dados sobre clientes entre as instituições financeiras. Na visão de Queiroga, a aplicação da mesma lógica ao setor de Saúde permitirá um maior conhecimento sobre o uso do sistema complementar, podendo acarretar em redução de gastos públicos e fraudes.

“O Ministério da Saúde não se ocupa apenas da saúde pública. Por isso, no ano passado convocamos o Conselho Nacional de Saúde Suplementar [Consu] e, pela primeira vez, aprovamos uma política pública dirigida para o setor. Convocarei novamente o conselho para avaliar os resultados”, declarou Queiroga.

Reajuste

Segundo a ANS, o reajuste vai englobar cerca de 8 milhões de contratos, o que representa 16,3% dos consumidores de planos de assistência médica no Brasil.

A decisão da agência será publicada no “Diário Oficial da União” e o reajuste poderá ser aplicado pela operadora a partir da data de aniversário do contrato, ou seja, no mês da contratação do plano.

A ANS explicou que o cálculo foi baseado na diferença das despesas assistenciais por beneficiário dos planos de saúde individuais de um ano para o outro.