Tite trocou sistemas e ajustou eixo da Seleção para suprir ausências de Neymar

 

 

A seleção brasileira masculina entra em campo nesta quinta-feira sem Neymar e com nova alternativa para suprir a ausência do camisa 10. Neste atual ciclo de Copa para o Catar, em 42 jogos, o jogador do PSG ficou de fora em 16 oportunidades. A alternativa da vez é, novamente, Philippe Coutinho.

O técnico Tite ensaiou diversas alternativas, testou dez jogadores e variou sistemas de jogo sem Neymar. Alguns substitutos desempenharam funções semelhantes, outros ocuparam a faixa esquerda, aquela de preferência do craque revelado pelo Santos desde o início da carreira, mas abriram espaços e alteraram o eixo central da equipe.

Antes do jogo contra o Equador, nesta quinta-feira, às 18h, com transmissão da TV Globo, do SporTV e do ge, Tite comentou que a maior preocupação, com ou sem Neymar, é fortalecer o time e também as opções de jogo. Ou seja, as variações que pode fazer neste período até a Copa do Catar.

A escalação da Seleção para enfrentar o Equador: Alisson (Ederson), Emerson Royal, Éder Militão, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Fred e Coutinho; Raphinha, Matheus Cunha e Vini Júnior

 

– Claro que a gente quer sempre ter Neymar, mas o fortalecimento da equipe é sempre o marco mais forte. É sempre a direção maior, o objetivo maior, a responsabilidade maior. Até porque a equipe carrega e as individualidades acabam acontecendo. Coutinho é jogador da função (do Neymar) e acredito na qualidade dele, falando de futebol. Falando de maneira mais ampla, do espectro social, humano, eu sei todo lado humano de investimento dele, do lado desafiador, de recuperar da lesão – comentou Tite, justificando a manutenção de Vini Jr, Cunha e Raphinha pela continuidade.

– Fizeram grande jogo contra a Argentina (no 0 a 0 de novembro). Como vai ser depois, não sei, vamos deixar o campo falar.

Exemplo recente dos ajustes sem Neymar foi exatamente em San Juan contra os argentinos. Foi Vini Jr quem substituiu o camisa 10, mas o sistema – numa espécie de 4-2-4, com Fabinho e Fred lado a lado, Vini na esquerda, Raphinha na direita – permitiu a Lucas Paquetá fazer o papel de Neymar, com a companhia de Matheus Cunha no ataque.

Na Copa América de 2019, quando Neymar se lesionou em amistoso antes da estreia e foi cortado, Tite primeiro levou a campo David Neres, então em ótimo momento no Ajax, mas depois quem ganhou a chance foi Everton Cebolinha, destaque daquela conquista no Brasil. Assim como valoriza a equipe, sempre que pode Tite tira o peso de quem vai ficar no lugar do seu 10.

– Não tem isso (Neres herdeiro de Neymar). Não tem definição. O campo fala. Pode ser com Gabriel Jesus e Firmino (na frente). Quem disse que não? Não sei. Pode ser com Paquetá do lado. A equipe é organismo vivo – afirmou o treinador, antes daquela Copa América de 2019.

Hoje um jogador muito mais cerebral do que na primeira metade da carreira, Neymar centraliza as ações da Seleção em campo. Sem ele, a arrumação do time muda. Mas já serviu para Roberto Firmino sair mais da área e se sentir mais à vontade, com dois pontas velozes ao lado – já foi com Cebolinha na esquerda e Gabriel Jesus na direita na Copa América ou com Richarlison à frente.

– (A ideia) é Firmino sendo um jogador mais arco do que flecha, mais livre – explicou o treinador na reta final de 2020.

Philippe Coutinho treinou terça e quarta com Tite na posição de Neymar. Ele substitui o craque do PSG e, também, de quebra, Lucas Paquetá, que está suspenso e só volta na partida contra o Paraguai.

O desafio de Tite é acomodar seus jogadores quando a estrela da companhia está fora de campo. Até mesmo Richarlison e Willian, dois que não vêm sendo mais convocados – principalmente o último, substituto do camisa 10 na Copa América 2019 -, já ocuparam a faixa de campo de Neymar pela esquerda. Foi com Richarlison na esquerda – com Firmino de centroavante e Jesus pela direita – que o Brasil venceu o Uruguai em Montevidéu no início das Eliminatórias.